VOCÊ SABE PARA QUE SERVEM AS TÉCNICAS DE
MOBILIZAÇÃO ARTICULAR EM REABILITAÇÃO?
Com o
surgimento de uma lesão em uma das articulações, quase sempre ocorre perda de
movimento associada. Atribuídas a diversos fatores, como por exemplo, traumas,
patologias reumáticas, estiramento excessivo, etc. Se a articulação não for
tratada apresentará uma hipomobilidade e acabará apresentando sinais de
degeneração.
A
mobilização articular e a tração são técnicas de terapia manual que incluem os
movimentos passivos e lentos das superfícies articulares. São utilizados para
recuperar a amplitude de movimento ativo, para restaurar os movimentos passivos
e lentos das superfícies articulares, para reposicionar ou realinhar a
articulação, para recuperar a distribuição normal de forças e tensões ao redor
da articulação ou para reduzir a dor. A mobilização e a tração podem ser
utilizadas para alongar tecidos e romper aderências, mas caso sejam utilizadas
inadequadamente podem também danificar os tecidos e causar entorses na
articulação.
É de suma
importância que o fisioterapeuta possua capacidade de avaliação e habilidade
para identificação das várias estruturas que podem causar diminuição na
amplitude de movimento e dor.
Assista algumas técnicas de mobilização:
RELAÇÃO ENTRE
MOVIMENTOS FISIOLÓGICOS E ACESSÓRIOS
MOVIMENTO
FISIOLÓGICO – É aquele que resulta das contrações musculares
ativas, concêntricas e excêntricas, que movem os ossos ou articulações.
Denominado de movimento osteocinemática. Movimento voluntário.
MOVIMENTO
ACESSÓRIO – Acontecem quando a superfície de uma
articulação se move em relação à outra. Acompanha o movimento fisiológico.
Ambos
movimentos ocorrem simultaneamente, embora o movimento acessório normal deve
ocorrer para que a amplitude total do movimento fisiológico ocorra, ou seja, um
músculo não pode ser totalmente reabilitado se as articulações não estiverem
livres e vice-versa.
TIPOS DE ARTICULAÇÃO
O tipo de
movimento que ocorre entre partes ósseas dentro de uma articulação é
influenciável pelo formato das superfícies articulares:
· Ovoide – Uma superfície e convexa e a outra e côncava.
· Selar (em
sela) – Uma superfície e côncava em uma direção e
convexa na outra, com a superfície oposta convexa e côncava respectivamente;
semelhante a um cavaleiro em oposição complementar ao formato da sela.
ARTROCINEMÁTICA
ARTICULAR
Conjunto
dos movimentos acessórios (girar, rolar e deslizar). O movimento das
superfícies articulares dentro da articulação é uma combinação variável de
rolamento, deslizamento e giro.
GIRO – Rotação de um segmento sobre um eixo mecânico estacionário e
pode ocorrer tanto no sentido horário como anti-horário. Um exemplo de giro é o
movimento da cabeça radial na articulação umerorradial, como ocorre na pronação
e na supinação do antebraço.
ROLAMENTO – Ocorre quando uma série de pontos em uma superfície articular
entra em contato com outra série de pontos em outra superfície articular.
Côndilos femorais arredondados rolando sobre o platô tibial plano e estático.
Sempre ocorre no sentido do movimento.
DESLIZAMENTO/
TRANSLAÇÃO – Ocorre quando um ponto específico em uma
determinada superfície articular entra em contado com uma série de pontos em
outra superfície, ou seja, do ponto de vista anatômico o deslizamento ou
translação ocorreria durante o teste de gaveta anterior no joelho, quando o
platô tibial plano desliza anteriormente em relação aos côndilos femorais
arredondados e fixos.
O
deslizamento ocorre simultaneamente com o rolamento, porém não necessariamente
na mesma proporção e nem no mesmo sentido, a direção na qual o deslizamento
ocorre depende se a superfície que está se movendo é côncava ou convexa. Ex. No
joelho, os côndilos femorais seriam considerados a superfície convexa e o platô
a côncava.
REGRA CÔNCAVO-CONVEXO
É a
relação mecânica conhecida como a base para a determinação da direção da força
de mobilização. O sentido do componente de deslizamento do movimento é
determinado pelo formato da superfície articular que estiver em movimento.
Segundo
Kisner: A direção na qual o deslizamento ocorre depende de a
superfície em movimento ser concava ou convexa. o deslizamento é na direção
oposta ao movimento angular do osso quando a superfície articular que se move é
convexa. o deslizamento é na mesma direção que o movimento angular do osso
quando a superfície que se move é concava.
Exemplo: Quando um individuo realiza um
movimento de abdução do ombro (articulação glenoumeral), o rolamento ocorre no
sentido do movimento que está sendo realizado (nesse caso no sentido superior)
e o deslizamento sempre no sentido oposto, ou seja, quando o terapeuta for
realizar a mobilização articular da articulação glenoumeral no sentido inferior
vai proporcionar o ganho de amplitude de movimento da abdução pelo seguinte
motivo: está realizando o deslizamento no sentido inferior e favorecendo o
rolamento no sentido do movimento de abdução.
Quando um
individuo realiza um movimento de extensão de joelho (articulação
tibiofemoral), o rolamento ocorre no sentido do movimento que está sendo
realizado (nesse caso no sentido anterior) e o deslizamento sempre no mesmo
sentido, ou seja, quando o terapeuta for realizar a mobilização articular da
articulação tibiofemoral no sentido anterior vai proporcionar o ganho de
amplitude de movimento da extensão pelo seguinte motivo: está realizando o
deslizamento no sentido anterior e favorecendo o rolamento no sentido do
movimento de extensão.
POSIÇÕES
ARTICULARES
Cada
articulação do corpo possui uma posição na qual a cápsula articular e o
ligamento estão mais relaxados, possibilitando a quantidade máxima de jogo
articular. Essa posição é denominada de posição de repouso.
TÉCNICAS DE MOBILIZAÇÃO
ARTICULAR
As técnicas
de mobilização articular são utilizadas para melhorar a mobilidade articular ou
para diminuir a dor articular por meio da restauração dos movimentos acessórios
à articulação, permitindo, assim, a amplitude de movimento total indolor,
não-restrita.
OBJETIVOS
Redução
da dor; diminuição da proteção muscular; alongamento ou aumento do comprimento
do tecido conjuntivo da articulação (especialmente em tecidos capsulares e
ligamentares; efeitos reflexogênicos que inibem ou facilitam o tônus muscular
ou o reflexo de alongamento e efeitos proprioceptivos para melhorar a
consciência postural e cinética.
EFEITOS
NEUROFISIOLÓGICOS
Estímulo
dos mecanoceptores que podem inibir a transmissão de estímulos nociceptivos ao
nível da medula espinhal ou tronco cerebral.
EFEITOS
MECÂNICOS
Promovem
a movimentação do fluído sinovial, que é o veículo transportador de nutrientes
para as porções avasculares de cartilagem articular, prevenindo efeitos
dolorosos e degenerativos.
EFEITOS
BIOLÓGICOS
Mantém a
extensibilidade e força de tensão nos tecidos articulares e periarticulares.
Com a imobilização ocorre proliferação fibroadiposa, que provoca adesões
intra-articulares, assim como alterações bioquímicas em tendões, ligamentos e
tecido articulares levando contraturas articulares e enfraquecimento ligamentar
e estimula a atividade biológica movimentando o liquido sinovial que traz
nutrientes para a cartilagem avascular das superfícies articulares e
fibrocartilagens intra-articulares dos meniscos.
Indicações para mobilização
articular:
· Dor, defesa muscular e espasmo
· Hipomobilidade articular reversível
· Limitação Progressiva
· Imobilidade Funcional
Contraindicações
verdadeiras para as técnicas de mobilização intra-articular:
· Hipermobilidade:
Pacientes com perigo de necrose dos ligamentos
ou cápsula não devem fazer alongamento; só é benéfico técnica de mobilização
intra-articular leve dentro dos limites de mobilidade.
· Efusão
articular: Pode haver
edema articular (efusão) devido a trauma ou doença. O derrame articular rápido
geralmente indica sangramento dentro da articulação e pode ocorrer com trauma
ou em doenças tais como hemofilia. O derrame articular lento geralmente indica
efusão séria de líquido sinovial em excesso ou edema dentro da articulação
devido a trauma leve, irritação ou uma doença tal como artrite.
· Inflamação: Sempre que houver inflamação, o alongamento irá
aumentar a dor e defesa muscular resultando em maior dano aos tecidos.
Movimentos delicados de oscilação ou separação podem inibir temporariamente a
resposta dolorosa.
TÉCNICA
A técnica
é composta por movimentos lentos de pequena amplitude, sendo que a amplitude é
a distância em que a articulação é movida passivamente dentro de sua amplitude
total. As técnicas de mobilização utilizam movimentos de deslizamentos de
oscilação de pequena amplitude para deslizar uma das superfícies articulares em
uma direção apropriada dentro de uma amplitude específica.
A direção apropriada para os deslizamentos de
oscilação é determinada pela regra côncavo-convexa.
GRAUS DE MOBILIZAÇÃO
Grau I: (FROUXO). Oscilações
articular de pequena amplitude, onde a cápsula articular não é sobrecarregada.
Utilizado quando a dor e o espasmo limitam prematuramente o movimento.
Grau II: (TENSO). Oscilações ou deslizamento de grande amplitude dentro da
amplitude existente, não atingido o limite. Nas superfícies articulares para
tensionar os tecidos ao redor da articulação. Utilizado quando o espasmo limita
o movimento, ou quando a dor crescente restringe na metade a ADM.
Grau III:(ALONGANDO). Oscilações ou deslizamento das superfícies articulares com
uma amplitude grande suficiente para fazer alongamento na cápsula articular e
estruturas periarticulares vizinhas. Utilizado para alongar as estruturas
articulares e assim aumentar a mobilidade intra-articular.
Grau IV: oscilações
rítmicas de pequena amplitude no limite da mobilidade existente e forçadas na
resistência do tecido.
Grau V: técnica
brusca com pequena amplitude e alta velocidade para soltar adesões no limite da
mobilidade disponível.
Aplicações:
· Graus I e II: articulações limitadas pela dor.
· Graus III e IV: manobras de alongamento.
Fonte: KISNER, Carolyn; COLBY, Lynn Allen. Exercícios Terapêuticos: Fundamentos e Técnicas. 4. ed. Barueri: Manole, 2005. 845 p.
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