Pesquisadores da USP testam novo tratamento para cura da diabetes

Como a doença é autoimune e ataca o organismo dos pacientes, médicos usam a quimioterapia para renovar o sistema imunológico

Você tem diabetes ou conhece alguém que tenha? No mundo inteiro, são mais de 387 milhões de pessoas com a doença e esse número deve subir para 592 milhões até 2035. No Brasil, já são quase 14 milhões de pessoas. A boa notícia é que um grupo de pesquisadores do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (USP) está desenvolvendo um tratamento que pode melhorar a vida de quem tem a doença. É o caso de Humberto Guimarães, que sofre com a doença desde os 17 anos. Com a glicose muito elevada, ele já não enxergava direito. Há vários tipos de diabetes, no caso de Humberto, que tem o tipo 1, o corpo diminui a produção de insulina, responsável pelo controle do açúcar no sangue. O jovem se acostumou a carregar consigo doses de insulina em uma bolsa térmica ou em uma caixinha de isopor porque o material tem que ser refrigerado.
A diabetes tipo 1 é autoimune, ou seja, o próprio organismo ataca as células que produzem insulina e é essa falha no sistema imunológico que os pesquisadores da USP tentam resolver. Há 12 anos o grupo iniciou uma pesquisa para tratar a diabetes com transplante de células tronco.
— Nossa ideia foi desligar o sistema imunológico do paciente, igual a gente faz com o computador da gente em casa quando trava. A gente faz isso usando quimioterapia — explica o endocrinologista Carlos Eduardo Couri.
Depois da quimioterapia, o paciente recebe células-tronco da própria medula óssea. As células-tronco podem se transformar em todos os tipos de células que formam os tecidos do corpo. Dessa forma, é como se o sistema imunológico do paciente tivesse oportunidade de nascer de novo, sem atacar o próprio organismo. A maior parte dos pacientes que fez o tratamento passou um tempo sem precisar usar insulina, mas a doença voltou a se manifestar, por isso os pesquisadores estão aprimorando o tratamento para que, no futuro, ele possa ser adotado nos hospitais.
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Humberto foi um dos pacientes que fez o tratamento da USP e teve bons resultados. Ele aposentou a seringa de insulina e não teve mais sinais de diabetes. O jovem passou 21 dias internado, isolado, e chegou a perder os cabelos e os pelos do corpo por conta da quimioterapia.
— Logo que saí do hospital, o trauma tinha sido grande. Tomava cerca de 15 a 20 comprimidos por dia, por conta da imunidade baixa, falei para minha mãe que, se tivesse que passar por tudo aquilo de novo, para ficar sem insulina, eu faria — ressalta.
Atualmente o jovem tem uma rotina de exercícios e sempre controla o nível de açúcar no sangue. Outra recomendação do médico é cuidar do nível de stress.
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